"O que é a arte moderna, né? A gente não entende. Este aí, por exemplo. Eu acho que é um livro aberto. Acho que é isso. Agora, porque um livro sem nada escrito, um livro com as páginas em branco? Tipo não temos mais o que escrever, nem o que ler? Ou então pode ser algo sobre o final do livro com a popularização da internet...sei lá"
Meu pai diante de um quadro da série Metaesquema, do artista plástico Hélio Oiticica
Exposição Hélio Oiticica - "O Museu é o Mundo"
Museu Nacional do Conjunto Cultural da República
até 20 de fevereiro de 2011 - das 9h as 18h30 - entrada gratuita
Curadoria
"Poucos artistas refletiram sobre seu trabalho com a clareza e a acuidade de Hélio Oiticica. Todas as questões que emergiram ao longo de seu processo experimental, iniciado no limiar da dissolução do Grupo Frente (núcleo do Concretismo carioca), em 1958, estão registradas em anotações, textos, entrevistas, depoimentos e cartas. Em entrevista concedida ao Jornal do Brasil em maio de 1961: "Acho importantíssimo que os artistas deem seu próprio testemunho sobre sua experiência. A tendência do artista é ser cada vez mais consciente do que faz. É mais fácil penetrar o pensamento do artista quando ele deixa um testemunho verbal de seu processo criador. Sinto-me sempre impelido a fazer anotações sobre todos os pontos essenciais do meu trabalho".No caso específico de Oiticica, podemos afirmar que obra e testemunho estão a tal ponto entrecruzados que é impossível separá-los sem incorrer em prejuízo para ambos, pois são fundamentais para sua qualificação como artista seminal da vanguarda brasileira dos anos 1950, 1960 e 1970. A trajetória poética de Oiticica desloca-se da fatura impecável, quase asséptica, de sua produção inicial, marcada pelo construtivismo internacional, para um construtivismo favelar.
Hélio Oiticica - "Museu é o Mundo" transborda os limites expositivos do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República. Com obras espalhadas por Brasília, a exposição coloca o público em contato direto com a idéia do "Delirium Ambulatório", forma usada por Helio para despertar nele mesmo o estado de criação latente. Sua aspiração maiora partir dos Penetráveis (que começam com o Projeto Cães de Caça e vão até o fim de sua produção) era que fossem como espaços abertos e cósmicos, onde o indivíduo crie suas próprias sensações sem condicionamentos históricos ou visuais, ou seja, que encontre dentro de si mesmo a chava para um Exercício Experimental de Liberdade, como propunha Mário Pedrosa.
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