domingo, julho 10, 2011
Norte-americana traça "retrato íntimo" de músicos brasileiros
Em meados da década de 1990, a flautista norte-americana Julie Koidin conheceu o choro e ouviu um disco de Altamiro Carrilho que mudou sua vida. Desde então, esteve no Brasil 16 vezes e decidiu estudar a fundo o gênero musical.
Apaixonou-se pelo país, pela música (a ponto de criar, em Chicago, onde vive, um duo com o brasileiro Paulinho Garcia, o Dois no Choro) e concluiu: os mais importantes instrumentistas brasileiros adoram o chorinho, que sobrevive aos modismos e continua atraindo entusiastas de todo o mundo.
A partir dessa conclusão e incentivada pelo violonista Maurício Carrilho, sobrinho de Altamiro, Julie decidiu aproveitar seus contatos e a bolsa obtida da Fundação Internacional Fulbright para escrever um livro que fosse uma registro para o futuro sobre os músicos atualmente em atividade.
Nascia assim Os Sorrisos do Choro – Uma Jornada Musical Através de Caminhos Cruzados (Ed. Choro Music, 516 páginas). Fruto de oito anos de pesquisas e de encontros que quase sempre terminavam com entrevistado e entrevistadora tocando juntos, o livro é um registro da história de vida e artística de 52 músicos que, mesmo não se dedicando exclusivamente ao choro, são dignos de ostentar o título de chorões.
"Eu queria preservar o jeito de ser de cada um e não apenas apresentar seus dados biográficos e as discografias. E tocar com quase todos me permitiu conhecer melhor a cada um deles. Porque tocar junto com alguém é uma experiência única, uma troca sem igual", disse-me Julie há duas semanas, durante sua rápida passagem por Brasília, onde, tocou, lançou o livro e deu aulas na Universidade de Brasília (UnB). Ontem (9), nos reencontramos em Paraty, onde ela se apresentou na casa ocupada pelo Instituto Moreira Salles.
Durante as entrevistas para o livro, Julie procurou obter detalhes sobre a iniciação e a formação musical de cada artista, sobre o ambiente familiar em que eles se criaram, como o choro entrou em suas vidas, o que acham do atual estágio do gênero e do espaço dedicado pela mídia à música.
“Acho que minha jornada acaba revelando um retrato da vida musical brasileira diferente daquele publicado nos jornais brasileiro. Justamente porque é muito mais íntimo. E a partir da visão de uma estrangeira que se surpreende com coisas triviais e bonitas que, para vocês, são comuns, espero que o leitor enxergue um pouco mais sobre sua própria cultura", disse Julie. Sua paixão pelo país é tanta que ela pintou a bandeira brasileira no muro de sua casa, em Chicago, e já pensou em tatuá-la.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário