sexta-feira, setembro 29, 2006

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Ele toca violão, canta, discorre sobre passagens bíblicas, discute a natureza da espiritualidade e manteve centenas de internautas na expectativa se conseguiria vencer à distância entre Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, e Brasília, para onde viajou disposto a processar o criador de uma comunidade com seu nome no orkut. Conheça Frei Tim, uma quase celebridade virtual que tem seus passos monitorados pela rede mundial.


ORKUT ON THE ROAD
Frei Tim é quase uma celebridade. Mas não é frei e poucos sabem o que exatamente ele é. Apesar disso, há quem diga que não existe cidadão que não o conheça no município paulista de Cachoeira Paulista. Segundo a estudante Gisele Laurindo, na cidade, Tim é mais famoso do que quentão em festa junina. E, no mundo virtual, mesmo que os números do orkut sejam mais modestos, não são menos expressivos. Já são 310 os fãs cadastrados na comunidade criada em sua homenagem. Pelos tópicos postados, ele com certeza deve ter deixado muitos outros pelo caminho que percorreu nos últimos sete meses.
Após tomar conhecimento de que sua foto estava sendo exibida na internet, Tim decidiu pôr os pés na estrada e seguir em direção a Brasília, onde pretendia processar o responsável por expôr sua imagem e seus causos na rede mundial. A partir daí, a comunidade virtual ganhou outra dimensão. Internautas de diferentes cidades e estados começaram a acompanhar e relatar a peregrinação de Frei Tim. Estava comprovada a justificativa do próprio Adriano para apagar as mensagens pessoais de seu perfil, "neste Admirável Mundo Novo você está sempre sendo observado".
Em março, após deixar Cachoeira Paulista, cidade onde vivia, Tim foi acolhido por moradores do município de Miguelópolis, ainda no interior de São Paulo. Em seguida, Priscilla o conheceu em Varginha, sul de Minas Gerais. Dias depois, chegou a Uberaba (MG), onde bateu um papo de mais de meia hora com Michel.
"Durante nossa conversa ele me contou que é milionário, tocou violão e trompete imaginários, falou algo em pelo menos nove idiomas, me disse que havia tomado seis tiros e, lógico, não deixou de se queixar por estarem usando sua figura para arrecadar dinheiro na Internet. Ele me disse que já teriam conseguido R$ 15 milhões".
Ainda em Uberaba, Frei Tim, apelido com o qual está se tornando famoso o cidadão Luiz Fernando da Silva, foi atendido na Secretaria de Defesa da Pessoa e do Cidadão. Dizendo ser um "ícone de sua cidade natal", ele se queixava por estarem indevidamente usando sua foto em um site. E entregou ao promotor um disquete contendo cópia da comunidade Frei Tim: Eu o Conheço. A comunidade foi criada em abril de 2005 pelo jovem Adriano Santos Godoy, com a intenção de homenagear "o mais célebre andarilho desocupado de Cachoeira Paulista". Segundo o próprio Adriano, "Ele não podia me ver na rua. Perdi a conta das vezes em que ele me atormentou".
No dia 7 de abril, ele estava em Uberlândia (MG), onde deixou Fábia tonta com o teor alcólico de sua conversa. No dia 11, foi visto por Vivaldo em Araguari (MG), pedindo dinheiro e segurando uma sacola plástica com disquetes e uma folha impressa do profile da comunidade do orkut.
Os testemunhos foram se sucedendo à medida que Tim avançava país adentro. Catalão (GO), Campo Alegre de Goiás, Cristalina. Até que, no dia 30 de abril, a fisioterapeuta Rute Rocha deu a notícia. Frei Tim havia chegado à capital. E continuava furioso com Adriano, dizendo que iria encontrá-lo a qualquer custo. "Ué, mas ele estava aqui, na mesma cidade que eu, e foi me procurar em Brasília?", questionou o agora receoso autor da homenagem que provocou esta verdadeira saga.
Desde então, Tim tem perambulado por Brasília, influenciando pessoas e fazendo amigos. "Cheguei em casa às 23h50, guardei minha moto e quando olhei para o lado, o vi. Sujo, com bafo de pinga e me pedindo um pão. Levei um susto e tentei me afastar. Mas quando dei por mim, já estava íntimo desta figura" conta o brasiliense Gelson Gomes. "No começo eu não entendia nada do que ele dizia. Mas descobri que é um ser humano especial, inteligente e bacana. Ele inclusive me ajudou psicologicamente. Sei que ele só foi embora após umas quatro horas de conversa".
Moradora de Cachoeira Paulista, a estudante Tais Mattos diz que ninguém sabe ao certo a história de Luiz Fernando antes de se tornar Frei Tim. "Uma vez perguntei de onde ele era e ele respondeu que era de Vinde e Vede. Foi engraçado". De acordo com a versão mais crível, seu apelido vem do hábito de cumprimentar as pessoas tocando-as com o dedo e dizendo alto, "tim".
Segundo Adriano, por conta de sua simpatia e inteligência, muitas pessoas já tentaram o ajudar. "Você não tem noção da quantidade de gente que já tentou ajudá-lo. Ele não quer ajuda", respondeu o paulista ao brasiliense Liandro Baião, que demonstrou disposição para auxiliar Tim após ter se sensibilizado com seu estado. "Ele apareceu na casa do meu primo pedindo luvas e uma touca para se proteger do frio. Estava alcoolizado e tinha os pés rachados. Carregava quatro ou cinco folhas com todos os recados deixados na comunidade".
Apesar de todo o folclore em torno da figura de Tim, muitos de seus 'fãs' reconhecem sua inteligência. Adriano Sattim conta ter aprendido a respeitá-lo após um bate-papo transcendental. "Conversamos sobre espiritualidade. Ele conhece e respeita muitas religiões e possui um pensamento bem filosófico. Vale a pena explorar suas idéias. Sou fã do Tim".
Porém, como toda celebridade, Tim é uma personalidade controversa. "Encontrei com ele aqui em Brasília uma vez e ele me pediu ajuda, dizendo que precisava entrar na igreja porque o demônio estava falando com ele. Não tinham deixado ele entrar porque ele estava falando outras línguas e rogando pragas. Foi realmente assustador", conta Letícia Dutra.
Os últimos depoimentos dão conta de que Tim está bem, continua em Brasília e que foi aceito na igreja. E que, em breve, sua foto irá se tornar ainda mais conhecida. Mas agora, com sua permissão.
"Meu ministério de música toca todo sábado na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Cruzeiro Velho. Como o Tim gosta muito da gente e nós gostamos dele, fizemos uma votação e decidimos que ele vai virar capa do nosso cd. Claro, isso se ele nos conceder os direitos autorais. Outro dia, depois da missa, ele pegou o violão depois da missa e cantou "Tu és minha vida, outro Deus não há".
Ao que tudo indica, Frei Tim pode vir a se tornar famoso. Entretanto, se por acaso você encontrá-lo pelas ruas de Brasília ou em qualquer rincão do país, pense duas vezes antes de tomar qualquer liberdade. Adriano, que diz ser um dos poucos que já o encontraram sóbrio, garante "Quando não está bêbado ele fica sério e não gosta de brincadeiras".

4 comentários:

Anônimo disse...

heuhauhsa
pô cara!
pq num publica essa reportagem la na comunidade?
quem é vc?

Anônimo disse...

Encontrei várias vezes com ele, ele não saia da comunidade.

Anônimo disse...

Pô derixa eu te perguntar,ele chega no coral e ja começa a cantar no meio da missa junto com o coral,foi do mesmo jeito em Campo Alegre de Goias,o padre chegou a parar a missa,esse frei tim e dez,e eu tb sou um super fã dele.abraços frei tim

Anônimo disse...

Esses dias atrás eu estava conversando com uma amiga minha aqui de Cachoeira Paulista e ela me disse que o Frei Tim era mecânico de aviões (sei lá se é esse nome mesmo) mas que sofreu um acidente de trabalho, foi onde ficou com problemas no olho e por causa disso aposentou e hoje recebe indenização. Mas após o ocorrido foi onde começou a ter uns "disturbios" e assim virou alcólatra e foi embora para Cachoeira Paulista. Agora não sei ao certo se ele se casou com uma moça que conheceu no Emaús (em Cahoeira Paulisa) ou se era da cidade dele, mas que se casou e tem filhos (não sei quantos) mas devido ao problema da bebida ela o largou e voltou para a cidade natal dela, que acho que é na Bahia. Quem contou isso para minha amiga foi o pai dela, que praticamente todos os dias conversava com o Frei Tim e dava comida para ele. Beijos.