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FOREVER
Não entendeu o título acima? Então é porque você ainda não assistiu a uma das melhores seqüências cinematográficas já protagonizadas por crianças. Quer dizer, na modesta opinião deste semi-fosco que escreve, as atuações de Brandon Ratcliff, de apenas seis anos, e de Miles Thompson, são decisivas para, além de desmistificar o olhar ingênuo e hipócrita com que o cinema - e as telenovelas brasileiras - normalmente trata as crianças, emprestar a graça e a complexidade que caracterizam o filme de estréia de Miranda July, o excelente Eu, Você, Todos Nós (Me and You and Everyone We Know, EUA-Reino Unido, 2005, 91min. - www.meandyoumovie.com), ainda em cartaz.
Qualquer sinopse deixará a desejar, posto que é difícil resumir a história de Eu, Você... Não apenas porque, ao estilo dos filmes de Robert Altmann, o foco narrativo recai simultaneamente sobre diversos personagens, mas também porque a diretora, sob o pretexto de discutir como pessoas solitárias têm de se esforçar para superar o estado de isolamento contemporâneo, traz à baila diversas outras questões e problemas do relacionamento humano.
De forma superficial, e recorrendo ao site oficial do filme: Enquanto ganha a vida transportando idosos solitários de um lado a outro e procura uma galeria disposta a exibir as instalações artísticas que produz na solidão de seu apartamento, Christine (claro alter-ego de Miranda) conhece Richard, vendedor de uma loja de sapatos que acaba de se separar de sua esposa e luta para manter algum vínculo com seus dois filhos. Abalado pela separação e assustado com a espontaneidade de Christine, Richard impõe limites à aproximação, evitando se envolver. Enquanto isso, seu companheiro de trabalho se envolve com duas adolescentes que estudam na mesma escola dos filhos de Richard. E um dos idosos de que Christine cuida se lastima por ter demorado tanto a encontrar o grande amor.
Sem estragar possíveis surpresas, dizer mais sobre a história é inviável. O filme não é, óbvio, um blockbuster. Tem aquele jeitão caro aos alternativos, conforme seria de se esperar de alguém com o currículo de Miranda, uma artista multimídia.
Artista plástica e videomaker, Miranda escreveu o roteiro, dirigiu e atuou como protagonista deste filme que já ganhou prêmios em importantes festivais como os de Sundance, Cannes, Los Angeles e San Francisco. Além disso, Miranda está prestes a lançar seu primeiro livro de contos e mantém um blog pessoal (http://meandyou.typepad.com).
A estréia de Miranda nas telonas volta a chamar a atenção para as mulheres por detrás das câmeras. A exemplo de Sofia Coppola (As Virgens Suicidas e Encontros e Desencontros) e da argentina Lucrecia Martel (O Pântano, A Menina Santa), Miranda desponta com a promessa de fazer um cinema autoral e ousado.
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