Da Costa Rica à Costa Verde
Antes que minhas férias chegassem ao fim e eu voltasse a Brasília, fiz uma escala na cidade histórica de Paraty, no litoral sul-fluminense, onde, entre os dias 9 e 13 de agosto, aconteceu a quarta edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP - www.flip.org.br ), um dos principais eventos mundiais do gênero.
O bom tempo foi uma razão a mais para que a cidade ficasse lotada de gente disposta a ver e ouvir escritores e intelectuais do porte de, entre outros, Adélia Prado, Cristhopher Hitchens, Edmund White, Ferreira Gullar, Ignácio de Loyola Brandão, Lourenço Mutarelli, Toni Morrison e Wilson Bueno. Em meio a muito fru-fru midiático, uma mistura de bichos-grilo, pseudo-intelectuais, hippies chiques, jornalistas, anônimos, famosos, poetas pirados e bêbados inspirados. E, lógico, peruas, muita peruas com seus óculos Channel e bolsas Louis Vuitton.
Após 15 dias longe da minha namorada, concluí que passar o final de semana acompanhando debates na Tenda dos Autores não seria exatamente o programa ideal. Assim, optamos por relaxar, curtir a cidade e acompanhar apenas algumas poucas mesas. E, lógico, dar um providencial mergulho.
Após experimentar um prato típico da culinária caiçara, o azul-marinho servido como parte da programação gastronômica do Off-Flip - evento paralelo que busca valorizar a cultura local - fomos para a belíssima praia de Trindade. E, antes de voltarmos a Paraty, fizemos uma rápida visita à comunidade quilombola do Campinho da Independência (www.quilombocampinho.org) a fim de conhecer o trabalho social desenvolvido pela associação de moradores.
Mesmo só tendo chegado a Paraty na madrugada de sexta-feira e assistindo a poucas mesas, me arrisco a também dizer que a qualidade dos debates deste ano ficou aquém dos que aconteceram em 2005. Talvez porque, a exemplo do que publicou o blog 'croniquetas' (croniquetas.blogger.com.br), "muita política e pouca literatura marcaram a FLIP neste ano".
De qualquer forma, Paraty vale a viagem por si só. E os organizadores da Flip sabem tirar proveito das belezas naturais e do clima de descontração que a cidade imprime à festa, termo apropriado para um evento que começa com o show de um grande nome da MPB (este ano, foi Maria Bethânia) e produz cenas como a do historiador Eric Hobsbaw tomando caipirinha sentado numa mesinha capenga colocada no meio da rua. E, digam o que disserem, não concordarei com o argumento de que a Flip é um evento elitista. Eu próprio, seguindo a lógica de gastar o mínimo possível, me hospedei numa pousada em que a diária custava R$ 40. Para o casal.
Assisti a todos os debates pelos telões, do lado de fora da Tenda dos Autores. Com alimentação, não gastei mais do que se estivesse em casa ou trabalhando. Não dancei ciranda porque estava morrendo de fome e sono, mas vi parte do show do Yamandú Costa de graça. Foi difícil, já que a rua em frente ao Café Paraty estava lotada de pães-duros como eu tentando acompanhar o show pelas janelas. Gente que sabe que, em Paraty, o grande barato é estar na rua e se permitir ser surpreendido. Como eu e a Lídia, que entramos sem sermos convidados em uma casa onde acontecia um sarau e só depois descobrimos que era a casa do 'príncipe' João de Orleans e Bragança. Fracos, não?
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