sexta-feira, setembro 22, 2006

segunda-feira, 24 de julho de 2006


Um ônibus municipal, um táxi, um ônibus interestadual, outro táxi, um avião, um ônibus "seletivo", um metrô, baldeação na Estação da Sé, mais um metrô e um último ônibus interestadual. Doze horas de viagem e, enfim, estou mais uma vez diante do familiar Atlântico. Detalhe: durante todo este tempo, comi apenas meio pacote de bolacha de água e sal e bebi uma tônica. E mesmo assim, tive de testar a maciez do papel usado no Aeroporto de Goiânia. Chego em casa amarelo. Antes, meu pai passa direto por mim na entrada do prédio.

Viajar é uma oportunidade de aprender, dizem. Pois recebo minha primeira lição ainda no ônibus que me leva de Brasília à Goiânia. Conversando com Lúcio, o pernambucano sentado ao meu lado, além de tirar a limpo o clichê sobre nordestinos faladores viajando de ônibus, fico conhecendo sua original teoria evangélica acerca da corrupção e outros pecados venais cometidos pelos homens, sobretudo quando políticos.

"Você veja só", me dizia ele. "O homem tem o hábito de adorar as coisas que estão aí, a nossa volta, e de se afastar de Deus. Então, existem budistas, existem os que adoram imagens feitas pelas mãos do homem... Na Índia, eles têm lá o hábito de adorar às vacas sagradas. Pois então, os políticos, os governantes, sendo homens, são falíveis, erram. Se não errassem, o povo ia adorá-los; deixariam de reconhecer a importância de Deus em suas vidas e passariam a adorar o fulano que lhes deu escolas, duzentos médicos para cada paciente e sei lá mais o quê...".

Eis aí uma concepção original de justificativa evangélica para a corrupção. Sanguessugas, anões do orçamento, mensaleiros, Deus tem um propósito para vocês!

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