7 METROS ABAIXO DO CHÃO
O lugar se chama Espaço Galeria. Um antigo puteiro que foi reformado e transformado em uma pequena e soturna boate escondida no má-afamado Conic. Pra ser exato, no subsolo do Conic (espaço que, por si só, merece um texto que ainda irei escrever).
A festa da vez foi denominada Cicciolina e custava R$ 10 só a entrada. O nome da famosa italiana, estrela de filmes pornôs da década de 80 e, mais tarde, eleita deputada, foi tomado emprestado para, segundo os organizadores do evento, protestar de forma bem-humorada contra as eleições deste domingo. Não foram só as razões do protesto que não ficaram claras. Se alguém se manifestou durante a noite, o fez às escondidas. E ninguém pareceu sentir falta disso. A bem da verdade, a molecada nem deu atenção às imagens exibidas no telão; trechos de discursos, de entrevistas e de campanhas políticas.
Uma dj que prometia tocar música brasileira e ritmos cubanos atendia pela sugestiva alcunha artística de Sarah Vah! (assim mesmo, com exclamação). Além dela, outros três djs dividiam as carrapetas. Todos nominalmente inspirados. Somdubom seleciona funk. Mas funk das antigas, saca aquela coisa de Parliament e Funkadelic. Nada a ver com bondes e tigrões. Já os djs DX e Cookie Valentino! (também exclamativo) apostam ambos na música eletrônica.
Apesar de haver pouca gente - algo positivo, já que a casa é pequena e não comportaria um terço dos habitués da festa que acontece na garagem da Faculdade Dulcina, também no Conic - deu para se divertir. Principalmente para quem, como eu, vindo da festa de despedida de um amigo, já havia entornado uma garrafa e meia de vinho de boa qualidade.
A pista sobrou para quem quis dançar. Para quem preferiu "segurar a criança" (e havia várias delas!), sofás na laterais resgatam os tempos de inferninho da boate. Além do palco onde, lá pelas três da manhã, uma dançarina desnudou seu constrangimento. No jornal haviam anunciado que uma "dançarina provocante iria bailar" e garantir o clima de sensualidade da festa. Não sei se foi a falta dos meus óculos ou se foi o vinho, mas me pareceu que a intenção ainda era debochar de algo. Talvez de mim. Sendo assim, resolvi enfiar o pé na jaca e chamar a atenção de todos para minha dança epilética. Realmente, o pogo não combina em nada com ambientes alternativos como este. Mas a garotada blazé, mistura de lésbicas, gays, roqueiros, descolados, moderninhos e outros, não deu a mínima.
Na próxima sexta (06) rola outra festa neste mesmo local. Irá se chamar Sbornia. Não sei se fará juz ao nome. Mas para preencher a ausência da dj Sarah Vah!, os organizadores escalaram a dj Megera. É, realmente. Estes djs sabem escolher seus nomes artísticos.
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