Frogs, snakes, scorpions and crabs
Atencão. É fato. O paraíso tropical das propagandas de tevê existe. Com direito à piña colada, espreguiçadeira à beira-mar e um espetacular pôr-do-sol. Porém, hospedado próximo à paradisíaca praia de Manuel Antonio, cercado pela vegetação que transpõe os limites do Parque Nacional de mesmo nome, me dou conta de que seu desfrute adequado é daquele tipo de coisa pelo qual te cobram ágio.
Com certeza, o fim-de-tarde que presenciei ao chegar na praia de Manuel Antonio ficará para sempre registrado em minha memória. Não há palavras para descrever a beleza do pôr-do-sol neste lugar que a imprensa mundial esqueceu, mas os turistas - entre eles, eu - encontraram.
Se Jacó, com suas prostitutas e norte-americanos aposentados e refugiados se assemelha ao hard-rock dos anos 70, Manuel é trance. A primeira é beatnik. A segunda, clubber.
Loiras canadenses copiando o estilo californian girl, se fundindo a surfistas costarriquenhos que, às vezes, como eu próprio presenciei, tem de se soltar para evitar que algum branquelo texano se afogue nesta praia freqüentada principalmente por gays de bom poder aquisitivo, mas também por ecologistas, hippyes de todo o mundo e surfistas pouco dispostos a encarar a potente arrebentacão de Hermosa. Este é o meu caso. Estive em Hermosa e, como muitos que encontrei depois, desisti de surfar lá após me dar conta de que seria um risco enfrentar suas potentes ondas com minha 6.1.
Por outro lado, em Manuel Antonio, tudo custa mais caro. O que não significa que não seja possível economizar. Após procurar, encontrei um casado com preço próximo do que eu pagava em Jacó, 1900 colones (pouco menos de US$4). Mas aqui te cobram 10% em todos os lugares.
Para vir de Jacó à Manuel Antonio, de ônibus, se gasta cerca de 1.400 colones, ou seja, menos de US$ 3. Lógico, o ônibus é velho, do tipo dos utilizados nas cidades brasileiras, e a estrada é esburacada, o que oferece um certo risco para as pranchas, que viajam soltas no bagageiro. Uma boa capa é imprescindível para quem pretende ir à Costa Rica e não vai alugar um carro.
Já para me hospedar, não encontrei opção melhor que o Travotel/Albergue Costa Linda (777-0304). Por US$ 10 o quarto para uma pessoa é possível dormir à cerca de 300 metros da praia. Além disso, o hotel serve, por 1.500 colones (US$3), um tipicamente forte café-da-manhã costarriquenho.
Em cinco dias, é a primeira vez que tenho a privacidade de um quarto só para mim. Porém, o Costa Linda merece um comentário à parte.
Colado na porta do quarto, um aviso alerta para que o hóspede "check your room for frogs, snakes, scorpions and crabs". Cobras e escorpiões??? Bem, ninguém pode dizer não ter sido avisado. Infelizmente, o foi. Logo após pagar a diária e fechar à porta do quarto. Isso caso se dê ao trabalho de ler o recado.
(Pensando bem, o recado nao é descabido, afinal estamos praticamente dentro do Parque Nacional. A tarde, caminhando pela praia, cheguei a um rio onde uma placa dizia ser proibido nadar por causa da possível aparicão de jacarés) .
De qualquer forma, o aviso não diz nada sobre o espaço exíguo do quarto. Dois metros por um. Também não fala nada sobre não haver água quente nos banheiros que, separados por sexo, são compartilhados por todos os hóspedes.
Já quanto ao aviso de que seria possível usar a internet por 500 colones meia-hora, esqueça. Quando retornei da praia horas depois de meu check-in, o recepcionista me respondeu que o serviço havia sido suspenso.
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